Rio - O forte tiroteio durante uma megaoperação da Polícia Civil contra integrantes da facção criminosa Terceiro Comando Puro (T), no Complexo de Israel, na Zona Norte, nesta terça (10), ajudou a engordar uma triste estatística que leva prejuízo a milhares de pessoas. Segundo a concessionária Light, o número de clientes que ficaram sem energia elétrica devido a episódios de violência na cidade em 2025 já supera o total de 2024.
Um levantamento da concessionária - que atua em 31 municípios do estado - mostra que ataques à rede elétrica, como disparos contra transformadores, já deixaram mais de 38 mil clientes às escuras neste ano, 5 mil a mais do que em todo 2024. Até o momento, houve 68 ocorrências envolvendo equipamentos atingidos por tiros, incluindo 29 transformadores - ano ado foram registrados 184 atentados, sendo 80 contra transformadores.
Ainda de acordo com a Light, após o tiroteio desta manhã, a energia foi restabelecida em Vigário Geral por volta de 9h30, e em Parada de Lucas, perto das 13h. Apenas uma localidade em Vigário segue sem luz, pois os técnicos aguardam aval das autoridades competentes para atuar no reparo de um transformador atingido e avaliar se mais equipamentos foram danificados.
A propósito, a empresa destacou que a retomada em casos de interrupção por violência urbana pode demorar até 18 horas, já que a substituição dos equipamentos “depende de condições seguras para a atuação das equipes técnicas”.
Baleados
O confronto na manhã desta terça também deixou vítimas baleadas. Dentre elas, um motorista e um ageiro de ônibus, atingidos em diferentes veículos na Avenida Brasil e na Linha Vermelha. Outras duas pessoas também ficaram feridas. As vias ficaram fechadas por mais de uma hora devido ao intenso tiroteio na região.
Os dois coletivos em que estavam as vítimas são da empresa Evanil. Segundo a Semove, o ageiro Manoel Americo da Silva, de 60 anos, foi atingido na linha 442B e levado para Hospital Geral de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Já o condutor Marcelo Silva Marques, 54, estava na linha 405T e precisou ser encaminhado para o Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias.
Segundo a Secretaria Municipal de Nova Iguaçu, Manoel, atingido no ombro esquerdo, ou por procedimentos de urgência e está sendo avaliado pela equipe de ortopedia. O estado de saúde é estável. Já a Prefeitura de Caxias informou que Marcelo chegou à unidade com ferimento no braço esquerdo, relatando dor intensa. No momento, o paciente segue em avaliação pela equipe multidisciplinar, lúcido, orientado e estável.
Na mesma unidade, em Caxias, deu entrada Jerry Henrique Rodrigues das Chagas, 47 anos, baleado no pé esquerdo, e João André dos Santos, 62, atingido no cotovelo esquerdo. No momento, os pacientes estão lúcidos e orientados. Até o momento, não há informação exata dos locais em que eles estavam no momento do confronto.
Megaoperação mira T
A operação - que até o momento resultou em 20 prisões e apreensões de oito fuzis, duas pistolas, granadas e coquetéis molotov - é fruto de sete meses de intensas investigações, que culminaram na identificação de 44 traficantes sem mandados anteriores. Segundo apurado pela Delegacia de Repressão a Entorpecente (DRE), com apoio da Delegacia Antissequestro (DAS), da 22ª DP (Penha) e da 33ª DP (Realengo), a organização criminosa altamente estruturada e armada, sob a liderança de Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão, um dos narcotraficantes mais perigosos do estado, atua nas comunidades de Vigário Geral, Parada de Lucas, Cidade Alta, Cinco Bocas e Pica-Pau.
A facção impõe seu domínio com o uso de barricadas, drones para monitoramento das forças de segurança, toque de recolher e monopólio de serviços públicos, além de promover intolerância religiosa.
Sob o comando direto de Peixão, o T promove a intimidação sistemática de moradores, expulsão de rivais, ataques a agentes de segurança e ações coordenadas para impedir operações policiais. Foi identificado um grupo responsável pelo monitoramento de viaturas, queima de ônibus e organização de protestos simulados com o objetivo de obstruir o trabalho policial. Durante as investigações, os agentes apuraram ainda a existência de um núcleo especializado na tentativa de abate de aeronaves policiais, composto por criminosos com armamento pesado e treinamento específico.
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