Falsa igreja usada pelo tráfico no Complexo de Israel, na Zona Norte, foi demolida nesta terça-feira (10)Divulgação/Seop

Rio - Um prédio de quatro andares, onde funcionava uma falsa igreja no Complexo de Israel, na Zona Norte do Rio, foi demolida por agentes da Secretaria de Ordem Pública (Seop), nesta terça-feira (10). Veja imagens abaixo. A ação é um desdobramento da megaoperação realizada pela Polícia Civil na região.
O térreo do edifício dava a falsa legalidade ao local religioso, enquanto os andares superiores eram usados como refúgio, esconderijo e proteção pelos criminosos do Terceiro Comando Puro (T), além de ponto de ataque aos policiais. A construção também tinha uma vista privilegiada para a Rua Bulhões de Marcial e todo o seu entorno, o que facilita o monitoramento do local e dificulta o tráfego de viaturas policiais, que eram constantemente atacadas.

Ao chegarem ao local, as equipes identificam diversas seteiras (buracos e fendas nas paredes e estruturas de concreto onde os bandidos colocam seus fuzis e se protegem dos policiais nas trocas de tiros), além de dezenas de cápsulas de balas deflagradas, indicando o local como refúgio recente dos criminosos.

"Realizamos a demolição de um prédio de quatro andares no Complexo de Israel, que funciona como uma verdadeira fortaleza do crime organizado. Essa ação é fundamental, pois muitas dessas construções irregulares servem como e financeiro e estrutural para essas organizações criminosas", afirmou o secretário de Ordem Pública, Brenno Carnevale.
Nova área de lazer do tráfico também foi demolida
Uma nova área de lazer do T, ainda em construção, também foi encontrada durante uma megaoperação da Polícia Civil no Complexo de Israel. No local, já havia duas piscinas, churrasqueira e materiais para obra.
A megaoperação da Polícia Civil começou nas primeiras horas da manhã e provocou o fechamento da Avenida Brasil e da Linha Amarela. Também afetou a circulação de trens, ônibus e BR. Durante o tiroteio, quatro pessoas foram baleadas, incluindo o motorista e um ageiro de ônibus. Ao todo, 20 pessoas foram presas e os agentes apreenderam oito fuzis, duas pistolas, granadas e coquetéis molotov.
A operação é resultado de sete meses de intensas investigações, que culminaram na identificação de 44 traficantes sem mandados anteriores. Segundo apurado pela Delegacia de Repressão a Entorpecente (DRE), com apoio da Delegacia Antissequestro (DAS), da 22ª DP (Penha) e da 33ª DP (Realengo), a organização criminosa altamente estruturada e armada, atua nas comunidades de Vigário Geral, Parada de Lucas, Cidade Alta, Cinco Bocas e Pica-Pau.
A facção impõe seu domínio com o uso de barricadas, drones para monitoramento das forças de segurança, toque de recolher e monopólio de serviços públicos, além de promover intolerância religiosa.