Renato Couto foi assassinado depois de uma discussão em ferro-velho na Zona Norte do RioRede Social
Militares da Marinha são condenados a mais de 20 anos pela morte de policial civil
Um terceiro foi absolvido, e o pai de um dos envolvidos cumprirá pena em liberdade
Rio - Bruno Santos de Lima e Manoel Vitor Silva Soares, então sargentos da Marinha, foram condenados, no último dia 7, pela morte do perito da Polícia Civil, Renato Couto de Mendonça, após uma discussão em um ferro-velho na Praça da Bandeira, na Zona Norte, em maio de 2022. O III Tribunal do Júri do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ), após 35 horas de julgamento, determinou pena de 25 anos e 8 meses de reclusão e 23 anos e 10 meses de reclusão, respectivamente, por homicídio qualificado. A sentença também prevê a perda dos cargos públicos da dupla.
Já o cabo Daris Fidelis Motta foi absolvido de todas as acusações. O pai do sargento Bruno, Lourival Ferreira de Lima, também preso na época, acabou absolvido do crime de homicídio qualificado, mas condenado por fraude processual - por ter alterado o local do crime -, com seis meses de detenção em regime aberto.
Por nota, a Marinha, por meio do Comando do 1º Distrito Naval, informou que os envolvidos no caso foram excluídos da força armada em 2 de março de 2023, após a conclusão de um processo istrativo “que comprovou a transgressão de preceitos éticos e morais estabelecidos pelo Estatuto dos Militares”.
O caso
De acordo com a denúncia do Ministério Público do Rio (MPRJ), Renato - que era papiloscopista lotado no Instituto de Identificação Félix Pacheco (IIFP), órgão vinculado à Polícia Civil - se dirigiu ao ferro-velho na Praça da Bandeira acreditando que estivessem lá objetos de metal de uma obra dele que tinham sido furtados por usuários de crack. Chegando, foi orientado por Lourival, dono do ferro-velho assim como o filho Bruno, a voltar em outro horário para ser ressarcido.
Ao retornar, o policial discutiu com Lourival e os militares. Segurado por Manoel e Daris, ele acabou baleado três vezes, por Bruno, em frente ao estabelecimento. Os homens utilizaram uma viatura oficial da Marinha, conduzida por Manoel, para retirar a vítima do local.
O corpo de Renato foi jogado pelos militares do alto de uma ponte, ainda com vida, no Rio Guandu, entre Japeri e Seropédica, na Baixada Fluminense. Um laudo da perícia confirmou que a morte do policial civil ocorreu por asfixia (afogamento) e não em decorrência dos ferimentos causados pelos disparos. O MPRJ concluiu que o crime foi cometido por motivo torpe, já que Renato havia ameaçado fechar o ferro-velho, e sem possibilidade de defesa por parte da vítima, por causa da promessa de ressarcimento. O grupo acabou preso menos de 48 horas após a morte do policial.
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