Os assassinatos ocorreram há exatos três anos na região do Vale do Javari, que fica entre os municípios de Guajará e Atalaia do Norte, no Amazonas. Bruno e Dom desapareceram após arem pela comunidade de São Rafael e nunca mais foram vistos com vida.
A denúncia foi apresentada ao juízo da subseção judiciária federal de Tabatinga (AM) pelo procurador da República Guilherme Diego Rodrigues Leal, com auxílio do Grupo de Apoio ao Tribunal do Júri (GATJ).
Alvo da denúncia, Colômbia, que na verdade é peruano, já havia sido indiciado pela Polícia Federal (PF) como mandante do crime, em novembro do ano ado. Ele já se encontra preso preventivamente.
Segundo as investigações, Colômbia é suspeito de atuar no tráfico de drogas e chefiaria uma quadrilha de pesca ilegal atuante no Vale do Javari, que fica na região de fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru. Ele também responde a outros processos por tráfico, pesca ilegal e uso de documento falso.
Ele foi preso pela primeira vez ao ter se apresentado na sede da PF em Tabatinga (AM), em junho de 2022, para negar participação no crime, mas acabou preso na ocasião por apresentar documento de identificação falso. O suspeito acabaria solto provisoriamente, mas voltou a ser preso por descumprir medidas cautelares.
De acordo com a denúncia, Bruno e Dom foram mortos por contrariarem os interesses da pesca ilegal na região, ao promoverem a educação ambiental em comunidades indígenas.
Em junho de 2024, outras cinco pessoas se tornaram rés acusadas de ajudarem na ocultação dos corpos. São elas: Francisco Conceição de Freitas, Eliclei Costa de Oliveira, Amarílio de Freitas Oliveira, Otávio da Costa de Oliveira e Edivaldo da Costa de Oliveira.
Por se tratar de crime doloso contra a vida, o MPF pediu que os três executores sejam submetidos ao tribunal do júri. O pedido foi aceito pela primeira instância, mas o Tribunal Regional Federal da 1a Região (TRF1) acabou excluindo Oseney da pronúncia. Os procuradores responsáveis pelo caso recorreram ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) para que ele também seja levado a júri popular.
Jefferson e Amarildo aguardam ao julgamento presos preventivamente. Oseney cumpre prisão domiciliar com monitoramento eletrônico.
Vítimas
Bruno Pereira nasceu em 1980 no Recife e era indigenista concursado da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). Em 2019, após se opor ao desmonte de políticas ambientais e ter liderado ações contra o garimpo ilegal, acabou exonerado da Coordenação de Indígenas Isolados da Funai.
O episódio levou Bruno a se licenciar do cargo na Funai e ar a atuar pela defesa da floresta na União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja). Quando desapareceu, ele auxiliava Dom a conhecer a realidade da região.
O livro que Dom pretendia escrever com o material que coletava na Amazônia acabou sendo finalizado por amigos. A obra Como Salvar a Amazônia foi lançada na última semana.
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