O Caranguejo Irritado em: Este livro é meu! (E eu não te empresto) trata de emoções difíceis da infância Divulgação

A contagem regressiva já começou para a Bienal do Livro Rio 2025, que este ano promete ser a edição mais grandiosa, importante e transformadora de sua história. De 13 a 22 de junho, o Riocentro, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, se transformará em um verdadeiro parque literário — com experiências imersivas, mais de 300 convidados e cerca de 200 horas de conteúdo. Em meio a grandes nomes da literatura nacional e internacional, o evento assume o desafio de formar leitores e, mais do que isso, criar uma comunidade de afetos e histórias compartilhadas.
O festival é apresentado pela Shell Brasil e pelo Itaú, e acontece em um momento histórico: com o título de Capital Mundial do Livro 2025, concedido pela UNESCO, o Rio de Janeiro tem na Bienal seu principal símbolo desse reconhecimento internacional. O escritor e jornalista Ruy Castro será o homenageado desta edição, com o lançamento de dois novos livros. O mote do evento — “Todos na mesma página” — reforça a proposta de conexão entre pessoas, livros e ideias.
Uma das principais novidades deste ano é o conceito inédito de Book Park, que transforma o espaço em um ambiente lúdico, sensorial e mais ível ao público geral. Entre os destaques, está a Praça Além da Página Shell, um ponto de encontro ao ar livre entre leitores, autores, influenciadores e artistas. Com curadoria da publicitária Heloiza Daou, o espaço terá gincanas literárias, festas temáticas, música ao vivo, performances e discussões sobre as tendências culturais das redes sociais, sempre com o leitor como protagonista.
“A Bienal é muito mais do que um festival: é uma celebração da leitura e da potência transformadora dos livros. E se está presente na memória afetiva da cidade há décadas, desta vez, os visitantes vão viver experiências ainda mais marcantes, como nunca se viu antes”, afirma Tatiana Zaccaro, diretora da GL events Exhibitions, organizadora do evento em parceria com o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL).
O presidente do SNEL, Dante Cid, destaca a importância da Bienal no contexto da Capital Mundial do Livro: “Nesta edição tão especial, a Bienal é, sem dúvida, o mais importante evento do Rio Capital Mundial do Livro, uma honra que tem a impressão digital tanto do SNEL como da GL pela contribuição maciça para a elaboração do projeto escolhido pela UNESCO.”
“Esse é o nosso segundo ano de parceria com a Bienal do Livro do Rio, um evento de tamanha importância que ganhou o título de Patrimônio Cultural Imaterial do Estado do Rio de Janeiro. E que nesse ano ganha uma relevância muito maior com a cidade sendo a Capital Mundial do Livro”, afirma Glauco Paiva, gerente executivo de Comunicação e Responsabilidade Social da Shell Brasil. “A parceria é um reflexo da nossa agenda de patrocínios culturais, que reitera o compromisso da Shell com a sociedade brasileira ao apoiar iniciativas que promovam o desenvolvimento e a educação.”
Cães em cena: histórias para quem ama seus melhores amigos de quatro patas
Em meio a romances, thrillers, debates filosóficos e livros de não ficção, um gênero ganha espaço com afeto e simpatia: as histórias protagonizadas por cães. A Bienal 2025 dá atenção especial ao vínculo entre humanos e animais de estimação, com lançamentos que abordam o universo pet com humor, emoção e sensibilidade.
Confira alguns dos títulos que prometem conquistar os corações dos visitantes — especialmente os que não resistem a um focinho simpático.
O cachorro que não latia
Donaldo Buchweitz | Editora Ciranda Cultural
Voltado ao público infantil, o livro conta a história de Bob, um cachorrinho que, ao contrário dos outros cães, não late. Em vez disso, Bob sente o mundo à sua volta em silêncio, observando, escutando e acolhendo. Ao longo da narrativa, o personagem convida os pequenos leitores a refletirem sobre as diversas formas de comunicação e a importância de dar voz aos sentimentos. Ilustrado de forma delicada, o livro é um convite à empatia e à escuta — duas qualidades fundamentais nos dias de hoje.
Claudim bota a mão na massa
Jennifer Aniston | VR Editora
A estreia literária da atriz americana Jennifer Aniston chega ao Brasil pela VR Editora. Inspirado em seu cão adotado, Clyde, a obra acompanha Claudim, um cachorro sensível e criativo que resolve fazer seu próprio bolo de aniversário — e acaba embarcando numa jornada de autoconhecimento. Com ilustrações do artista brasileiro Bruno Jacob, o livro é voltado para o público infantil e combina humor com valores como autoestima, amizade e iniciativa.
Balela
Solaine Chioro | Alt / Globo Livros
Romance jovem adulto com toques de comédia romântica, Balela mistura confusão, paixão e… um cachorro que rouba a cena. A história gira em torno de um casal que embarca em um falso namoro para fugir de pressões familiares, e é justamente o cãozinho Bombom quem dá uma guinada na trama, tornando-se peça-chave nas reviravoltas. A autora, Solaine Chioro, aposta em diálogos rápidos, situações hilárias e uma narrativa envolvente que retrata o amor — humano e canino — em diferentes formas.
Matilde e Chouriço
Flávia Lins e Silva e Maria Inês Almeida | Editora do Brasil
Voltado para o público infantojuvenil, o livro apresenta Matilde, uma menina cheia de imaginação, e seu fiel companheiro Chouriço, um cão esperto e carinhoso. Juntos, eles enfrentam os desafios do cotidiano com leveza e criatividade, em uma história que trata de temas como segurança, cuidado com o corpo e relações familiares. As ilustrações de David Pintor completam a atmosfera encantadora da obra, que é ideal para leituras compartilhadas entre pais e filhos.
O Caranguejo Irritado em: Este livro é meu! (E eu não te empresto)
Texto de André Catarinacho | Ilustrações de Flávia Borges
Outro título que aposta no humor para tratar de emoções difíceis da infância é O Caranguejo Irritado em: Este livro é meu! (E eu não te empresto), lançamento da VR Editora. Na história, o protagonista é um caranguejo mal-humorado que detesta dividir qualquer coisa — seja brinquedos, histórias ou, especialmente, este livro. Para manter os leitores afastados, ele recorre a protestos, caretas e até um alfabeto de coisas nojentas, com expressões repletas de aliteração: “bafo de batata”, “feijão com fungos fedorentos”, “katchup de kiwi” e “limonada de lesma”.
O texto bem-humorado de André Catarinacho, criador da série Bugados (2019–2023) e da peça TV Colosso – O Musical (2025), brinca com a psicologia reversa e desafia as crianças a insistirem na leitura até o fim. As ilustrações vibrantes e expressivas de Flávia Borges ampliam o carisma do personagem, suavizando sua rabugice com traços afetuosos e engraçados.
Mais do que entreter, a obra propõe reflexões sobre o egoísmo, o valor de compartilhar e a importância de lidar com a frustração — afinal, nem sempre se consegue tudo o que se quer. Aos poucos, até o próprio caranguejo percebe que dividir histórias, memórias e brincadeiras com alguém pode ser muito mais divertido. Como ele mesmo ite nas últimas páginas: “Emprestar é muito legal!”.
Segundo a curadoria do evento, os livros protagonizados por cães carregam um forte apelo emocional por explorarem valores como lealdade, amor incondicional e amizade. “Não é à toa que tantas histórias de cachorro acabam se tornando best-sellers. Eles refletem o melhor das relações humanas, justamente por não serem humanos”, explica um dos curadores da programação infantojuvenil.
Com isso, a Bienal do Livro Rio 2025 se consolida como um evento verdadeiramente plural, onde todas as histórias — inclusive as contadas com patas, rabos abanando e muito carinho — têm vez. Em um momento em que a leitura se reconecta ao afeto e à experiência, nada mais justo do que incluir os cães, esses leitores silenciosos e companheiros inseparáveis, na festa que celebra os livros e quem os ama.