Poze do Rodo faz desabafo após deixar presídioFoto: Érica Martin / Agência O Dia

Rio - O cantor Marlon Brandon Coelho Couto, o MC Poze do Rodo, desabafou ao chegar em casa na tarde desta terça-feira (3). Após ar cinco dias no presídio no Complexo de Gericinó, na Zona Oeste, o funkeiro afirmou que não é criminoso e reclamou da atuação da Polícia Militar na entrada da cadeia, onde milhares de fãs se reuniram para receber o músico. Durante o ato, um homem foi preso em flagrante por vandalismo.
"Sou trabalhador e artistas. Inclusive, eu saindo de lá agora, com a recepção maravilhosa, milhares de fãs... E o tratamento com meus fãs foi spray de pimenta na cara, tiro de borracha na cara... Eu que sou bandido? Fica essa pergunta no ar. Eles derrubando todo mundo de moto, dando tiro de borracha nos outros, agredindo os outros, dando spray de pimenta nos outros, mandando eu tomar no ... Por que estão fazendo isso comigo? Por que eu sou preto ou por que sou favelado? Tive minha luta, fui atrás, corri para construir meu castelo. Não é com dinheiro de nada de errado não. É com minha luta, meu show. Parem de me perseguir e atacar meus fãs. Meus filhos pequenos têm trauma de polícia. Se meus filhos veem polícia, eles choram. Não param de vir aqui em casa. Me deixem em paz", desabafou.
Por volta das 13h50, Mauro Davi Nepumuceno, o Oruam, chegou ao local de moto acompanhado de outros motociclistas. Na sequência, ele subiu e correu em cima dos ônibus que avam em frente à unidade enquanto era ovacionado pelo público. Cerca de 10 minutos depois, aconteceu uma confusão na entrada da penitenciária envolvendo militares e o grupo que aguardava pelo MC, incluindo Oruam. Houve empurra-empurra entre alguns dos presentes e policiais, que utilizaram cassetetes, balas de borracha, gás de pimenta e bombas de efeito moral. Fãs aram mal e agentes do Batalhão de Polícia de Choque (BPChq) foram acionados.
Em nota, a Polícia Militar informou que equipes do Batalhão de Polícia de Choque (BPChq) e do Batalhão de Rondas Especiais e Controle de Multidão (RECOM) foram acionadas diante de atos de vandalismo. Ainda de acordo com a corporação, um homem foi preso em flagrante e encaminhado à 34ª DP (Bangu). "Foram empregados os meios necessários para conter e dispersar os manifestantes, a fim de restabelecer a ordem e garantir a segurança da região", comunicou.
Poze deixou o Complexo de Gericinó às 14h50. Ele entrou em um carro e apareceu no teto solar do veículo abraçado com a mulher Vivi Noronha. Acompanhado por diversos motociclistas, ele saudou os fãs e balançou a camisa em comemoração a caminho de casa. Amigos músicos, como MC Cabelinho, Borges, Chefin e Oruam também estiveram presentes.
Ainda nesta manhã, fãs do Poze relataram que vieram de longe para prestigiar o artista. Dentre eles, um grupo saiu de Recife. Com caixa de som, música alta, cartazes e blusas personalizadas com a frase: "Mc não é bandido", o público comemorou a liberdade de Poze, que estava preso desde a última quinta (29) por apologia ao crime e associação criminosa.
O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) concedeu o habeas corpus ao funkeiro na segunda (2). Na decisão, o desembargador Peterson Barroso Simão, da 1ª Vara Criminal da Região de Jacarepaguá, alegou que a prisão temporária do MC é "excessiva para o prosseguimento das investigações" e que as provas coletadas são suficiente para a continuidade da apuração do caso. O magistrado acrescentou que não há, até o momento, comprovação de Poze tinha "armamento, drogas ou algo ilícito em seu poder".
O desembargador também destacou que a prisão temporária do artista "não é exatamente a solução almejada pela população" e que é preciso "prender os chefes, aqueles que pegam em armas e negociam drogas". Ele ainda questiona a ação dos policiais que resultou na prisão do MC, a considerando "desproporcional, com ampla exposição midiática".
Apesar da soltura, uma série de medidas cautelares deverão ser seguidas por Poze. São elas: comparecer mensalmente em juízo, até o dia 10 de cada mês, para informar e justificar suas atividades; não deixar o Rio; informar telefone para contato imediato caso seja necessário; não ter contato com outros investigados no inquérito ou com pessoas ligadas ao CV; entregar o aporte.
*Com colaboração da fotógrafa Érica Martin.